quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Moto táxi

Certa vez necessitado de um documento, tive que ir a uma cidade onde houvesse a possibilidade do pedido e emissão do mesmo.

Nós, quando nos encontramos em situações extremas fazemos coisas cujo quais já tínhamos nos prometido não fazer. Chegando atrasado à rodoviária, minha única chance era chegar ao ultimo ponto no fim da cidade antes do ônibus, que já havia deixado a estação.

Noutra vez, em outra passagem pelo mesmo lugar (Visto que Cuiabá e Várzea Grande são uma coisa só), após ter quase infartado na garupa de Sandro arquiteto e engenheiro da mente - na época moto taxista e não pai da arquitetura e engenharia mental - prometi a mim mesmo nunca mais andar de moto táxi em Cuiabá. Porém, como já disse, em situações extremas medidas extremas.

Decidi pegar um (ou uma?) moto táxi e ver se conseguia chegar ao ponto, nos primeiros duzentos metros já senti que me arrependeria.

Por vezes vi minha vida passar em filme, desde o nascimento, passando pelas glórias como o dia que comi oito cachorro quentes e o dia em que cocei minha orelha com o pé - essa é meu pai é quem conta -, até o fatídico momento. O ápice do medo, agonia e tortura se deu no momento em que em nossa frente uma camionete e um furgão se afunilavam, eu a priori respirei aliviado, “agora terá que reduzir”, no entanto, foi quando vi o ponteiro buscar o fim do medidor e ouvi uma expressão abafada pelo capacete do indivíduo, “eu acho que dá!”.

Valha-me qualquer santo!

Eu fechei os olhos! Acho que me encontrava naquele tipo de situação que poderia ser classificada como “cortando prego” ou “não passando nem uma agulha”.

Mas conseguimos! Quando abri os olhos, e tudo o que me ocorria era mandar aquele digníssimo filho de uma meretriz parar, avistei o ônibus.

A esperança de atingir meu objetivo afogou meu medo. Passamos pelo Ônibus, já muito próximos do ponto e com medo de não ter parada programada, me virei para trás tanto quanto pude e comecei acenar para o motorista que no próximo ponto haveria passageiro.

Quando tive a certeza que tinha entendido e me virei para frente novamente, dei de cara com o moto taxista, virado para trás e acenando também, com a moto a uns 90 KM/h.
Fui tomado de um misto de medo e raiva. Foi quando dei um tapa na cabeça dele e disse “Olha pra frente rapaz!”

Alcançamos o ônibus, quando desci da moto e perguntei o preço ele disse: “ah! Da uns vinte e cinco ai...”

Me senti pagando um matador de aluguel.

Mas tudo bem, tirei o bendito do documento e não usei depois.

Ser um macho de respeito!

Ser um macho de respeito!

Algo cada vez mais difícil. As mulheres com sua libertação elevaram a uma potência enésima sua complexidade, nós com nossa inteligência interpessoal comprovadamente menor, vivemos a ver navios.

Outro dia assistindo um programa intitulado “raciocínios de um macho de respeito”, apresentado por um desses caras bonitões que recebem para interpretar situações e vivências cotidianas, com as quais nós, homens cotidianos temos total intimidade, porém ele com certeza não.

Vi algo sobre o “choro de mulher”, o poder desse artifício, como elas usam e especialmente como elas usam contra nós.

Também deu uma lição de como usar o choro feminino a nosso favor: “nada melhor do que consolar um choro feminino causado por outro homem.”

Genial! Verdadeiro! E até mesmo óbvio.

O vilão já é o outro, se aproveita o momento pra ser o mocinho.

Pois bem, numa dessas pequenas viagens repentinas as quais tenho me submetido, vinha eu voltando de uma cidade situada na fronteira sul do estado de Mato Grosso - onde ao contrário da fronteira nordeste (onde as pessoas pensam serem goianas desde o fuso horário) ninguém se acha sul Mato-grossense – quando parado em uma rodoviária, de dentro do ônibus avistei uma moça muitíssimo graciosa aos prantos.

Pensei comigo “há há! Me dei bem, o rapaizão enganou ela, agora eu consolo”.

Abri a janela do ônibus lancei um olhar 171 – o 43 não tinha no estoque – e mandei: “E ai gatinha, por que uma mulher tão bonita chora tanto assim?”

“É que minha mãe MORREEEEEEEEEEUU, HUUUUUUUAAAAAA”

Dei os pêsames, fechei a janela (e a cortina) e nunca senti tanto prazer em sair de um lugar.